segunda-feira, 7 de maio de 2012

Fotojornalismo

Luz, composição e momento

quinta-feira, 26 de abril de 2012

de Rubem Alves

Saúde mental

"Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia.Eu me explico.

Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maiakovski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh matou-se.Wittgenstein alegrou-se ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakoviski suicidou-se.

Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos.Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias comportam-se bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado; nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, basta fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme) ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, a coragem de pensar o que nunca pensou.

Pensar é uma coisa muito perigosa... Não, saúde mental elas não tinham... Eram lúcidas demais para isso.Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idosos de gravata.Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental.Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego numa empresa. Por outro lado, nunca ouvir falar de político que tivesse depressão. Andam sempre fortes em passarelas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.

Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos.Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas chama-se hardware, literalmente "equipamento duro", e a outra denomina-se software, "equipamento macio". Hardware é constituído por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. O software é constituído por entidades "espirituais" - símbolos que formam os programas e são gravados nos disquetes. Nós também temos um hardware e um software.

O hardware são os nervos do cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo "espirituais", sendo que o programa mais importante é a linguagem. Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software.Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam.

 Não se conserta um programa com chave de fenda.Porque o software é feito de símbolos e, somente símbolos, podem entrar dentro dele.Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos de Drummond e o corpo fica excitado. Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e os acessórios, o hardware, tenham a capacidade de ouvir a música que ele toca e se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta e se arrebenta de emoção!

 Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei no princípio: A música que saia de seu software era tão bonita que seu hardware não suportou... Dados esses pressupostos teóricos, estamos agora em condições de oferecer uma receita que garantirá, àqueles que a seguirem à risca, "saúde mental" até o fim dos seus dias.

Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes. A beleza é perigosa para o hardware. Cuidado com a música... Brahms, Mahler, Wagner, Bach são especialmente contra-indicados. Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Tranquilize-se há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do doutor Lair Ribeiro, por que se arriscar a ler Saramago?

Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. E, aos domingos, não se esqueça do Silvio Santos e do Gugu Liberato. Seguindo essa receita você terá uma vida tranqüila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, em vez de ter o fim que tiveram as pessoas que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já terá se esquecido de como eles eram..."


"Sobre o tempo e a eternidade" Campinas: Ed. Papirus, 1996.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

de Jung

"Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos."

de Jung

"Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana."

de Jung

"Sua visão se tornará clara somente quando você olhar para dentro do seu coração. Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, acorda."

de Sigmund Freud

"De erro em erro, vai-se descobrindo toda a verdade."

de Sigmund Freud

"Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons."

de Sigmund Freud

"A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz."

sexta-feira, 30 de março de 2012

de Carlos Castaneda - importância alguma...

"Qualquer caminho é apenas um caminho e não constitui insulto algum - para si mesmo ou para os outros - abandoná-lo quando assim ordena o seu coração. (...) Olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o tantas vezes quantas julgar necessárias...

Então, faça a si mesmo e apenas a si mesmo uma pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, esse caminho não possui importância alguma."

de Charles Baudelaire

"Devemos andar sempre bêbados. Tudo se resume nisto: é a única solução. Para não sentires o tremendo fardo do Tempo que te despedaça os ombros e te verga para a terra, deves embriagar-te sem cessar. Mas com quê? Com vinho, com poesia ou com virtude, a teu gosto. Mas embriaga-te. E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas duma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunta-lhes que horas são: «São horas de te embriagares! Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem cessar! Com vinho, com poesia, ou com virtude, a teu gosto.»

Charles Baudelaire, Spleen de Paris, Relógio d’Água, Lisboa, 1991, p. 105

Jacques Lacan diz...

Como diz o psicanalista Jacques Lacan, na solidão, sente-se a lacuna, o vazio que os outros tentam preencher desesperadamente com o Eu. Este Eu, criado no mimetismo da infância, é uma "instância de desconhecimento, de ilusão, de alienação, sede do narcisismo. É o momento do Estádio do Espelho". Um Eu criado pelo nosso Imaginário, "juntamente com fenómenos como o amor, o ódio, a agressividade" (em Jacques Lacan - Wikipedia).

Ainda de acordo com Jacques Lacan, somos seres em angústia pela nossa ligação demasiado intensa, mimética com a mãe enquanto crianças. Somos, na verdade, o animal que passa mais tempo nesse estado de osmose depois de nascer. Por isso, mais tarde o apaixonado, numa regressão sublime, sente-se como uma criança que procura desesperadamente o olhar do ser amado. Sente-se desamparado procurando sempre o outro, o amor, a todo o momento. Num impulso biológico muito forte.

Desta forma, a solidão faz-nos sentir autênticamente a condição humana. Essa estranheza que, se vivida directamente e com aceitação, nos abre as portas da percepção de um novo mundo. Essa consciência de estar aqui como que abandonados, como hóspedes transitórios da Terra como dizia Heidegger, faz parte da nossa condição básica de humano que tentamos evitar no nosso quotidiano normalizado.


Essa consciência pode ser a fonte de uma vida mais profunda e intensa. A solidão assumida, muitas vezes rodeada de muitas solidariedades subterrâneas, pode-nos abrir para o mundo de uma forma fantástica. Podemos aceder a outras percepções que, enquanto mergulhados na euforia do social, tendemos a esquecer. O hinduísmo e o budismo (e os nossos místicos ocidentais como San Juan de la Cruz, Jesus, etc...) descrevem de forma admirável esse caminho pessoal de meditação.

MIguel Ruiz, Os quatro compromissos. O livro da filosofia tolteca.

"Compreendeu que as outras pessoas estavam sonhando, mas sem consciência, sem saber o que realmente eram. Não podiam vê-lo como eles mesmos porque havia um nevoeiro entre os espelhos. E essa parede era construída pela interpretação das imagens de luz – o Sonho dos seres humanos."

Alberto Caeiro

"Vive, dizes, no presente.

Vive só no presente.

Mas eu não quero o presente, quero a realidade. Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede. O que é o presente? É uma cousa relativa ao passado e ao futuro. É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem. Eu quero só a realidade, as cousas sem presente. Não quero incluir o tempo no meu esquema.

Não quero pensar nas cousas como presentes, quero pensar nelas como cousas.

Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes. Eu nem por reais as devia tratar. Eu não as devia tratar por nada. Eu devia vê-las, apenas vê-las. Vê-las até não poder pensar nelas, vê-las sem tempo, nem espaço, ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.

É esta a ciência de ver, que não é nenhuma."

domingo, 19 de fevereiro de 2012

de Carl Jung

Tenho visto as pessoas tornarem-se freqüentemente neuróticas quando se contentam com respostas erradas ou inadequadas para as questões da vida. Elas buscam posição, casamento, reputação, sucesso externo ou dinheiro, e continuam infelizes e neuróticas mesmo depois de terem alcançado aquilo que tinham buscado. Essas pessoas encontram-se em geral confinadas a horizontes espirituais muito limitados. Sua vida não tem conteúdo ou significado suficientes. Se têm condições para ampliar e desenvolver personalidades mais abrangentes sua neurose costuma desaparecer.

de Carl Jung

Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro.

de Carl Jung

Ser normal é a meta dos fracassados!

sábado, 18 de fevereiro de 2012

JOÃO GUIMARÃES ROSA em entrevista a Günter Lorenz

“A lógica, prezado amigo, é a força com a qual o homem algum dia haverá de se matar.”

sábado, 11 de fevereiro de 2012

de edson marques

ÀS VEZES PERDEMOS A VIDA NO MESMO LUGAR EM QUE A SUPOMOS GANHAR.

de edson marques: DESMANDAMENTOS

1. Ame a Vida sobre todas as coisas.
2. Não obedeça a ordens, exceto àquelas que venham do teu próprio coração.
3. A felicidade está dentro de você: não a procure em nenhum outro lugar.
4. O amor livre é a mais religiosa de todas as orações.
5. O vazio é a única porta para a verdade.
6. A vida só existe aqui e agora.
7. Não corra: dance.
8. Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.
9. Viva acordado, em todos os sentidos.
10. Pare de buscar: o que é teu já te pertence.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

de Fernando Sabino

"Nasci homem, morro menino".